Sucessora da “Casa dos Operários Poveiros”, nasce em 16 de julho de 1935 como Cooperativa “A Filantrópica”, ostentando diversas designações ao longo da sua existência, de acordo com o objeto social, até que em 1995, depois de uma reestruturação geral, surge como “A Filantrópica – Cooperativa de Cultura, C.R.L.”, inserida no âmbito que desde então corresponde ao seu desígnio.
Ocupa um edifício de sua propriedade, construído em 1864 com o propósito da instalação do “Monte-Pio Povoense”, que aí funcionou até 1877. Depois albergou a unidade militar local, durante um curto espaço de tempo, após a sua transferência de Penafiel, em 1915. No ano de 1929 é constituída uma comissão organizadora, presidida por Joaquim dos Santos Graça, com vista à criação da Casa dos Operários, para formação e assistência a este grupo profissional, a qual foi inaugurada em 1933. A sua existência foi bastante breve pois por despacho governamental foi ditado o fim da Casa, atendendo a ser considerada uma organização de caráter profissional e não de previdência social. Sob orientação de Baptista de Lima, renasce em 1935 como “A Filantrópica – Sociedade Cooperativa, C.R.L.” Nas suas instalações funcionaram ainda a sede da Banda Musical Povoense, a Sociedade Columbófila, e uma escola primária feminina.
Sob a presidência de João Gomes Ferreira, recebeu no piso térreo o primeiro supermercado da Póvoa de Varzim, inaugurado em 19 de outubro de 1969, tendo como objetivo o fornecimento de bens de consumo. Os estatutos, aprovados em 17 de junho de 1983, incluem a instituição apenas no ramo do consumo, recebendo a denominação de “A Filantrópica – Cooperativa de Consumo, C.R.L.”
Um rumo distinto é dado à Cooperativa, consolidado nos novos estatutos, aprovados em 27 de julho de 1995, que alavancam a sua missão cultural sob a designação de “A Filantrópica – Cooperativa de Cultura, C.R.L.”
O espaço antes ocupado pelo supermercado transformou-se na Galeria de “Artes e Letras”, destinada a conferências, colóquios, debates e exposições de diversa índole. Foram imensas as atividades desenvolvidas das quais podemos destacar: a rubrica iniciada em 1991 com a denominação “Conferências de A Filantrópica” – passando a designar-se a partir de 1993 “Venha Conversar Connosco” – destinada a proporcionar uma conversa com um convidado e um entrevistador, num ambiente informal, acolhedor e envolvente.
Entre outros, participaram: Mário Viegas (Ator), José Hermano Saraiva (Jurista e Historiador), Júlio Machado Vaz (Psiquiatra e Sexólogo), Manuel Martins (Bispo Católico), Baptista Bastos (Jornalista e Escritor), Dinis Machado (Escritor), Miguel Graça Moura (Maestro), Lauro António (Cineasta), Pedro Burmester (Músico), Helena Roseta (Arquiteta); “Opinião Pública” (designação utilizada nos anos 90 e não registada, surgiu ulteriormente um programa televisivo com o mesmo nome), alterada posteriormente para “Via Pública”, onde se debatem assuntos candentes de caráter local e nacional; “Gente de Cá”, principiada a 16 de setembro de 2016, iniciativa que procura contrariar uma tendência geral de não valorização dos nativos.
Introduzidas a 17 de março de 1990, estiveram patentes inúmeras exposições com destaque para a arte pictórica e escultural, dando origem a que vários artistas pudessem expor os seus trabalhos.
Nos andares superiores passam a funcionar as oficinas de arte onde são ministradas aulas de desenho, pintura, tapeçaria e ourivesaria, recebendo também outros cursos temporários. As oficinas de arte tiveram, desde a sua criação em maio de 1993, uma grande procura por parte de alunos de diversas idades. Ao longo dos anos foram dinamizados distintos cursos, como os de cerâmica, artes decorativas e outras manualidades.
Também numa sala do último piso funcionaram, a partir de outubro de 1987, diversas atividades gímnicas, hoje já inexistentes.
No domínio da música, procurando não colidir com a Escola Municipal de Música, que atua em moldes oficiais, a Cooperativa oferece aulas de aprendizagem e aperfeiçoamento das técnicas, numa perspetiva lúdica ou como complemento de formação. Esta valência teve, desde o seu arranque, um número considerável de alunos, de diversas idades, distribuídos pelas aulas dos seguintes instrumentos musicais: guitarra clássica, piano e diversos instrumentos populares.
Do conjunto de iniciativas que a Cooperativa vem incrementando, destacam-se aquelas que no exterior promovem o Turismo Cultural nas suas múltiplas vertentes, património, paisagem e gastronomia. Nesta área foram inúmeras as iniciativas dinamizadas desde a organização da excursão inicial, ocorrida a 24 de abril de 1988, com destino a São João de Tarouca (Lamego).
Em julho de 2019 a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e A Filantrópica assinaram um Contrato-Programa com vista a permitir que a Cooperativa promovesse a realização de obras no edifício que constitui a sua sede social. O imóvel em causa apresentava um acentuado grau de degradação e punha em risco a continuidade das atividades projetadas pela instituição. Uma vez que a Cooperativa não dispunha dos recursos financeiros necessários para proceder à recuperação do edifício, o Município disponibilizou-se para subsidiar a execução das obras. Este apoio foi justificado pelo Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, como imperioso para não colocar em causa o património do concelho já que o edifício d’A Filantrópica é um imóvel considerado de interesse público. O apoio do município traduz-se em 372.888,71 Euros destinados à reconstrução total do corpo nascente e a alterações profundas no restante edifício, de modo a dotar a Cooperativa com um imóvel condigno com o seu projeto cultural, equipado de acordo com as exigências de comodidade, modernidade e segurança para, dessa forma, levar cada vez mais poveiros a usufruir das suas atividades culturais, destinadas à fruição de toda a população, incluindo os idosos e cidadãos de mobilidade reduzida.
As obras no edifício vão melhorar exponencialmente as condições oferecidas aos poveiros e serão uma nova página na história da Cooperativa, que se pretende afirmar cada vez mais como dinamizadora do panorama cultural no concelho da Póvoa de Varzim.
Com o arranque das supracitadas obras houve necessidade de interromper as atividades letivas que se desenvolvem habitualmente na sede da Cooperativa. Referimo-nos concretamente às aulas de desenho, pintura, artes decorativas, às atividades gímnicas e às aulas de música. Foram igualmente suspensas as exposições, sendo que as conferências, colóquios e debates ocorreram em espaço cedido gentilmente pelo Museu Municipal de Etnografia e História.