Scroll Top
Rua 31 de Janeiro, 16 | 4490-533 Póvoa de Varzim
Exposição de Arte Contemporânea: "Pontas do Atlântico" de Goretti Castro
Exposição de Arte Contemporânea: “Pontas do Atlântico” de Goretti Castro
I

Inauguração: 9 de novembro a 31 de dezembro de 2024.

Segunda a Sexta, 15h às 19h.

Entrada livre.

«Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente. Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m’a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»

Livro do Desassossego, por Bernardo Soares (Fernando Pessoa)

Vivemos tempos estranhos, pelo menos para aqueles que pensam que vivemos num espaço comum, onde as diferenças muitas vezes só existem no espaço mental daqueles que não sabem aceitar o outro. As fronteiras são hoje, em alguns lugares, muito mais do que muros, são pensamentos e vontades que se levantam. A palavra é o pensamento livre que voa de boca em boca, independentemente da cor dos lábios, credo ou ideologia de quem as profere.

Em as pontas do Atlântico encontramos essa palavra na forma de cores e texturas, claros e escuros, em pequeno ou grande formato. Esta exposição aproxima o distante. Há tanto mar entre as pontas de cada continente, mas não podemos esquecer que foi esse Atlântico que nos uniu e fez falar a mesma língua. Na vida há muitas coisas que nos separam, mas que em boa verdade acabam por nos aproximar, ao vencer os medos, as adversidades, e isso, é o que nos une, essa vontade de ser livre e de saber dizer liberdade.

Este é o trabalho de Goretti Castro que no seu trabalho aproxima os dois continentes que, apesar de fisicamente distantes, partilham as mesmas palavras, preocupações, problemas e o tão belo e grande mar.

Armando Castro Bento

As Pontas do Atlântico

O título escolhido, já dá uma ideia do que pretendo mostrar a todos vocês, nessa exposição.
Trago, através da minha arte, um pouco dessa travessia, e toda carga emocional com a qual temos de lidar, quando passamos por uma grande mudança.
Também mostro o quanto a arte pode ser uma fonte não apenas de beleza, mas de mensagens de amor, e até de protesto, quando algo não vai bem.
O mundo anda caótico, e o que melhor que um coração pra representar todos os sentimentos? A Máquina que Sente traz muitos deles, e espero que escolham os melhores.
No Brasil e no mundo, o feminicídio é uma triste realidade, a objetificação da mulher idem.
Nossas Tintas falam por todas nós.
Quando mudei de país, metade de mim era esperança, a outra metade saudade. Que palavra bonita e exclusiva da língua portuguesa! Era outono e me dei conta que a estação é de renovação.
Com a nostalgia batendo no peito, decido homenagear Chico Buarque que compôs João e Maria, a música da minha vida! E que responsabilidade, viu? Não foi fácil passar pra tela esse poema que fala do amor puro entre crianças, que meu Poeta soube tão bem traduzir na sua música.
Assim é a minha arte, carregada de muita emoção, com cores fortes e alegres, herança da minha origem nordestina.
Espero que acompanhem e apreciem minha travessia. É a poesia que tentei fazer com os pincéis.
Finalmente, quero dedicar essa primeira individual na Póvoa de Varzim, à minha mãe, que nos deixou em abril, às filhas, minhas melhores obras de arte, aos que me ajudaram a chegar até aqui e a todos vocês, apreciadores da arte.

Goretti Castro

Sobre a Artista

Maria Goretti Cavalcanti de Castro, brasileira, pernambucana, nasceu no Recife em 1958.
Estudou no Colégio Santa Maria e na Universidade Federal de Pernambuco, onde iniciou seus estudos no curso de Direito, que foi abandonado na metade, para ingressar no curso de Educação Artística na mesma universidade.
Em paralelo, frequentou a Escola de Belas Artes do Recife, onde adquiriu uma boa  bagagem na arte acadêmica, através do desenho e pintura a óleo.
Em 2004, ingressou nos estudos de Arte Contemporânea, trocando o óleo pela tinta acrílica.
Em pouquíssimo tempo, criou sua própria identidade e resolveu que estava na hora de mostrar seu trabalho, pois começaram os convites para exposições no Brasil.
Em 2017, veio o primeiro convite para expor na Europa. Foi quando Portugal, Espanha e Itália, conheceram o seu trabalho.
Em 2019, resolveu atravessar o Atlântico e morar na Póvoa de Varzim. Desse tempo para cá, já fez 17 exposições no Porto, uma na Itália e uma na Póvoa de Varzim.
Agora mostra toda essa trajetória, na individual As Pontas do Atlântico, onde exalta o amor pelos seus dois países, o de origem e o de acolhimento.
Desde criança, mostrou interesse pelo desenho e foi muito incentivada pelos seus pais. Sua arte transita entre o expressionismo e o expressionismo abstrato, e é inspirada por cenas do cotidiano, pela natureza, e foi sempre regida pelas emoções. É arte que brota da alma. É arte conseguida através de camadas de cores sobrepostas, por meio da técnica de frotagem, a artista cria fragmentos sutis, usando e abusando das cores vibrantes da tinta acrílica.
Parte do seu amor pela arte, encontrou em Vincent van Gogh, seu artista preferido, tanto pelas obras, quanto pela pessoa de enorme sensibilidade.
Há pouco mais de 2 anos, começou a experimentar a aquarela, incentivada por uma das filhas. Logo tomou gosto pela nova técnica, e coragem para mostrar seu trabalho.

Skip to content